quarta-feira, 26 de novembro de 2014
A presidente Dilma Rousseff se reuniu
ontem com o futuro titular do Ministério da Fazenda, Joaquim Levy, a fim
de acelerar a apresentação de um “pacote” de resgate da credibilidade
fiscal do governo. A posse da nova equipe econômica, com perfil
diferente daquela que atuou no primeiro mandato de Dilma, deverá ocorrer
nos próximos dias.
Levy, executivo do Bradesco, quer levar
para o Tesouro Nacional a economista Eduarda La Rocque, em substituição a
Arno Augustin. Presidente do Instituto Pereira Passos (IPP) da
prefeitura carioca, Eduarda é formada na PUC-Rio, cuja escola de
economia é símbolo da ortodoxia. Ela já foi casada com Edward Amadeo,
ministro do Trabalho e secretário de política econômica do governo
Fernando Henrique Cardoso. Antes de assumir o IPP, comandou a Secretaria
da Fazenda da gestão Eduardo Paes (PMDB) no Rio de Janeiro.
Complemento
Mais dois nomes devem compor a nova
equipe econômica de Dilma: Alexandre Tombini, que será mantido no
comando do Banco Central, e Nelson Barbosa, que vai assumir o Ministério
do Planejamento. Dilma planeja indicar Arno para a presidência da
Itaipu Binacional.
Nas áreas não econômicas, a presidente
decidiu manter José Eduardo Cardozo no Ministério da Justiça e é
provável que Arthur Chioro continue na Saúde. Curinga na equipe, o
governador da Bahia, Jaques Wagner, pode ocupar Comunicações, no lugar
de Paulo Bernardo. Miriam Belchior, atualmente no Planejamento, tem
chance de ir para Minas e Energia, pasta hoje dirigida por Edson Lobão
(PMDB) - que teve o nome envolvido na Operação Lava Jato.
Aliados
Com cinco ministérios, o PMDB já começa a
reclamar da perda de espaço na equipe. Nem a sigla e nem o PT gostaram
da indicação da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) para o Ministério da
Agricultura. Na tentativa de contornar o mal-estar, a ordem no PT é
dizer agora que Kátia Abreu vai dirigir um ministério para cuidar do
agronegócio, enquanto os petistas manterão Desenvolvimento Agrário para
fazer a reforma no setor.
Mas sem ter um contra-argumento
convincente, e receoso de prejudicar nomes preferidos pela cúpula do
partido para a Esplanada, o PMDB decidiu não mais brigar contra o
convite da presidente a Kátia Abreu. A partir de agora, o partido vai
esquecer Kátia e lutar para fazer do presidente da Câmara, Henrique
Eduardo Alves (RN), o novo ministro do Turismo, além de influenciar na
nomeação do deputado Elizeu Padilha (RS) para algum lugar na equipe do
governo.
O partido quer manter ainda o ministro
Moreira Franco à frente da Aviação Civil, além de, quando for a hora,
dizer a Dilma que seria bom para a manutenção da base aliada e para a
governabilidade as escolhas do líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira
(CE), e do líder do governo no Senado, Eduardo Braga (AM) para algum
ministério. Estes dois últimos disputaram os governos de seus Estados e
perderam a eleição. Esperam ser compensados pela fidelidade.
Dilma, porém, já deixou claro que não
deseja abrigar derrotados, à exceção do senador e ex-presidente da
Confederação Nacional da Indústria Armando Monteiro (PTB), que disputou o
governo de Pernambuco, perdeu no 1.º turno e acabou com a pasta da
Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior. É uma forma de se
aproximar dos setores produtivos, argumento também para o convite a
Kátia Abreu, que é presidente da Confederação Nacional da Agricultura.
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