Integrantes da Executiva Nacional do PTB decidiram nesta quinta-feira, 6, que
não pretendem indicar nenhum nome para compor o governo da presidente Dilma
Rousseff na reforma ministerial deste ano. A decisão ocorre um dia depois de o
PMDB da Câmara se rebelar contra o Palácio do Planalto e em documento também
tomar a mesma iniciativa de não querer indicar um nome para integrar a equipe do
atual governo.
"O PTB abre mão da indicação. Não foi chamado oficialmente mas se for não vai
indicar", disse o presidente nacional do PTB, Benito Gama. Na dança das cadeiras
da Esplanada dos Ministérios, ele estava cotado para assumir o ministério do
Turismo.
Segundo Benito Gama, a decisão foi tomada após consulta por telefone com
outros integrantes da Executiva Nacional do PTB. Apesar de abrir mão da
indicação, Gama afirma que a legenda continuará apoiando a candidatura à
reeleição da presidente Dilma. Foi o segundo gesto de "desembarque" tomado por
um partido da base aliada nas últimas 24h.
PMDB
Com a reforma ministerial paralisada por causa da rebelião dos deputados do
PMDB, Dilma decidiu recorrer à ajuda de dois de seus gurus políticos para sair
do impasse. Ela recebeu nesta quinta o primeiro deles, o ex-presidente José
Sarney (PMDB-AP); no início da semana que vem deverá conversar com seu padrinho
Luiz Inácio Lula da Silva, que sempre lhe dá conselhos de como se portar com o
PMDB.
Entre os peemedebistas chama a atenção o fato de Dilma só ter conversado
sobre a reforma ministerial com o vice Michel Temer na segunda-feira, 3. Depois
disso, os dois não se encontraram mais. A avaliação é a de que Dilma poderia
estar aborrecida com Temer, por ele ter avalizado a decisão tomada pelo PMDB da
Câmara na quinta, quando a bancada decidiu não mais indicar os substitutos dos
ministros da Agricultura, Antônio Andrade, e do Turismo, Gastão Vieira, que vão
sair para disputar as eleições.
Dilma contou a Sarney que não tem pressa para resolver a questão da reforma
ministerial. E deste ouviu a ponderação para que tenha paciência com o PMDB,
porque não haveria risco de um rompimento de relações da legenda com o governo.
Apenas a pressão normal que a legenda sempre exerce. O líder do partido na
Câmara, Eduardo Cunha (RJ), disse ao Estado, no entanto, que o partido será fiel
para evitar prejuízos fiscais e que, nos outros casos, verificará o que fazer.
"Continuamos apoiando o governo, principalmente nos temas de impacto fiscal. Nos
demais, a bancada decidirá cada tema, a cada semana, como sempre foi".