quinta-feira, 15 de maio de 2008

Lula se reunirá com Minc na segunda-feira

O presidente Lula marcou para segunda-feira que vem a primeira reunião com o futuro ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.
Ele é secretário do Meio Ambiente do governo fluminense e no momento está em Paris. Minc chegou a dizer que recusaria o cargo, caso fosse convidado, mas mudou de idéia depois de um telefonema do presidente da República.
O presidente garante que está triste com a saída de Marina Silva do Ministério e não poupou elogios à ela.
O ministro da Justiça, Tarso Genro, reforça que a política ambiental será mantida e que Marina Silva faz falta a qualquer governo.
Ele salienta que ela vinha desempenhando bem a tarefa de conciliar a proteção à natureza com as necessidades do desenvolvimento econômico.
Considerado um dos pivôs da crise, o secretário de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, afirma que Marina Silva vai fazer falta.
Ele foi escolhido para ser o coordenador do Plano da Amazônia Sustentável e diz não saber porque Marina se demitiu.
O novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, fará 57 anos em julho e foi um dos fundadores do Partido Verde

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Lula chama Jorge Viana para Ministério do Meio Ambiente

14/05/2008 - 04h53

da Folha Online

Hoje na Folha O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ao ex-governador do Acre Jorge Viana que gostaria que ele assumisse o Meio Ambiente no lugar de Marina Silva, que entregou nesta terça-feira o seu pedido de demissão, informa reportagem de Kennedy Alencar publicada na Folha (íntegra disponível para assinantes do UOL e do jornal).

Em telefonema ao ex-governador na noite desta terça, Lula afirmou que desejava conversar pessoalmente de manhã para bater o martelo. Viana respondeu que viajaria hoje no primeiro avião para Brasília.

Na virada do primeiro para o segundo mandato, Lula quis trocar Marina por Viana, mas o ex-governador preferiu não substituí-la para não passar a idéia de traição. Na época, ele disse a Lula que só aceitaria a pasta na hipótese de Marina pedir para sair.

Viana e Marina fizeram carreira política juntos no Acre, e o ex-governador pretende obter uma espécie de aval da colega para assumir o cargo.

Nesta terça, Marina entregou seu pedido de demissão em uma carta, na qual reclama da resistência que enfrentou no governo e da falta de sustentação política. "Vossa Excelência é testemunha das crescentes resistências encontradas por nossa equipe junto a setores importantes do governo e da sociedade", disse ela.

"Em muitos momentos, só conseguimos avançar devido ao seu acolhimento direto e pessoal. No entanto, as difíceis tarefas que o governo ainda tem pela frente sinalizam que é necessária a reconstrução da sustentação política para agenda ambiental."

Ministérios

Marina vinha entrando em conflitos com outros ministérios, como a Casa Civil e a Agricultura, em casos e questões que opõem proteção ambiental a interesses econômicos.

O mal-estar entre Marina Silva e Dilma Rousseff (Casa Civil) começou em julho do ano passado, por conta das negociações em torno do edital para as concessões do leilão das usinas de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira (RO).

Com o ministro Reinhold Stephanes (Agricultura), o desentendimento girava em torno do plantio de cana. Para Marina, Stephanes incentiva o plantio de cana em áreas degradadas da Amazônia, do Pantanal e da mata atlântica.

Recentemente, Marina teria ficado descontente com a nomeação de Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos) para coordenar o PAS (Plano Amazônia Sustentável).

Segunda opção

Ontem, o Palácio do Planalto convidou Carlos Minc, secretário do Ambiente do Estado do Rio, para assumir o lugar de Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente. Seu nome foi indicado pelo governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB).

A indicação de Minc para o Meio Ambiente desagrada setores do PT, que queriam manter a pasta sob o comando de um petista mais alinhado com o grupo de Marina. De acordo com interlocutores, Lula ficou impressionado ao receber relatos detalhados com as ações de Minc na Secretaria Estadual do Meio Ambiente no Rio.

Sem consenso na base de apoio, Lula determinou a seus assessores diretos que informem não ter ocorrido convite algum. Oficialmente, a informação é que não há substituto e que o nome dele (ou dela) não tem data para ser definido.

Defensores de Viana defendem que sua nomeação amenizaria o efeito negativo na comunidade internacional da saída de Marina.

Para o Greenpeace, por exemplo, o pedido de demissão de Marina Silva foi um desastre. A organização afirma que o fato mostra uma mudança de postura do governo em relação à questão ambiental.

"Nossa opinião é que isso [o pedido de demissão] é a prova cabal e derradeira das reais intenções do governo Lula em relação a essa questão. O meio ambiente, a questão da Amazônia, perdeu seu anjo da guarda, a única voz no governo que ainda defendia a prudência, o juízo, em relação às questões ambientais", afirma Sergio Leitão, diretor de políticas públicas do Greenpeace, à Folha Online.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Marina Silva pede demissão do Meio Ambiente; Planalto convida Carlos Minc


Arquivo Folha Imagem
Marina Silva com Lula em cerimônia no Planalto no último dia 8; foi a última aparição pública da ministra com o presidente.

13/05/2008 - 19h33

Claudia Andrade
Em Brasília

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, entregou na manhã desta terça (13) uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedindo o seu desligamento do cargo em caráter irrevogável. O motivo da demissão ainda não é conhecido.

O Palácio do Planalto não confirma ter recebido o pedido de demissão, mas fontes do governo do Rio dizem que o presidente Lula convidou Carlos Minc, secretário do Ambiente do Rio, para assumir o cargo.


Ainda de acordo com a assessoria de imprensa da pasta, a ministra está em casa e não pretende se pronunciar antes da resposta da Presidência da República.

Na tarde de segunda, antes de tomar a decisão de deixar a pasta do Meio Ambiente, Marina Silva teria se consultado com o ex-governador do Acre, Jorge Viana, e também com o atual mandatário do Estado, Binho Marques. Ontem mesmo ela teria escrito uma carta ao presidente Lula, que foi entregue no Planalto na manhã desta terça-feira.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), lamentou a decisão da ministra. "A ministra Marina Silva é uma militante histórica do PT, da causa ambiental e da Amazônia. Ela imprimiu ao ministério aquelas que são as suas convicções e deu uma contribuição muito importante para o governo."

Para o deputado federal José Eduardo Cardozo (PT-SP), que também é secretário-geral do PT, a saída da ministra é uma perda para o governo. "Independentemente do motivo, é uma perda grande para o governo e para o país. É uma ministra excelente que conhece bem o funcionamento do ministério e do partido", afirmou.

REPERCUSSÃO DA SAÍDA DE MARINA
"Independentemente do motivo, é uma perda grande para o governo e para o país. É uma ministra excelente que conhece bem o funcionamento do ministério e do partido"
José Eduardo Cardozo -
secretário-geral do PT
"O ministério cumpriu sua missão e cumpriu de maneira muito boa. Esse assunto é de foro íntimo da ministra e só ela pode explicar os motivos"
Sibá Machado - senador (PT-AC)
"É um desastre para o governo Lula. Se o governo tinha uma credibilidade mundial na questão ambiental era por causa da ministra Marina"
José Cardoso da Silva - vice-presidente para a América do Sul da Conservação Internacional
"Espero que o próximo ministro não seja tão radical quanto a Marina. Ela era uma barreira para o desenvolvimento econômico do Brasil"
Rui Prado - presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do MT
"As forças mais destrutivas para a Amazônia exigiam a saída dela. O governo Lula deu o Plano Amazônia Sustentável (PAS) na mão do Mangabeira Unger. Isso obviamente foi uma tapa na cara da ministra"
Frank Guggenheim - diretor-executivo do Greenpeace
"Eu desejo, que se for possível, haja uma reconsideração por parte da ministra"
Ideli Salvatti (PT-SC) - líder do partido no Senado
"As propostas que apresentávamos, os problemas como área legal, ela fazia ouvidos moucos. Acredito que o bom senso agora deve prevalecer. O meio ambiente é uma ciência e não deve ser tratado ideologicamente. Ideologia é inimiga do meio ambiente"
Alberto Lupion - agropecuarista e empresário
"Uma pessoa que tem o histórico da senadora Marina e que seja um referencial, inclusive lá fora, perante a comunidade ambientalista do mundo, acho muito difícil encontrar substituto à altura. Tomara que o governo não tenha feito a opção do desenvolvimento em detrimento do meio ambiente"
Jefferson Peres (PDT-AM) - senador
"Ela não estava preocupada com o desenvolvimento do país, não que a questão do meio ambiente não seja importante, é muito importante, mas ela nunca pensou no desenvolvimento sustentável, ela sempre pensou no 'não' desenvolvimento"
Glauber Silveira - presidente da Ass. dos Prod. de Soja de MT
SAIBA MAIS SOBRE CARLOS MINC
Quem é Marina Silva
Maria Osmarina Silva Vaz de Lima, 50, começou sua carreira política militando nas CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), ligadas principalmente à Igreja Católica -apesar de Marina ser evangélica da Assembléia de Deus.

Em 1988 foi eleita vereadora de Rio Branco, no Acre. Dois anos depois, se elegeu deputada estadual e, em 1994, aos 38 anos, chegou ao Senado Federal como a mais jovem senadora do país.

Sua carreira concentrou-se nas áreas de direitos humanos, cidadania, meio ambiente e desenvolvimento sustentável. Integra a equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde o primeiro dia do primeiro mandato, em 2003, sempre na pasta do Meio Ambiente.

Ex-seringueira, Marina Silva se filiou ao PT em 1985 e lançou sua candidatura a deputada federal para ajudar o líder seringueiro Chico Mendes, morto em 1988, que era candidato a deputado estadual.

Marina aprendeu a ler já adolescente, já que no Seringal Bagaço, a 70 km de Rio Branco, onde nasceu, não havia escolas. Mais tarde, em 1985, formou-se em História pela Universidade Federal do Acre.

Na universidade, entrou para o PRC (Partido Revolucionário Comunista), grupo semiclandestino que fazia oposição ao regime militar, e deixou de lado o desejo de ser freira.

Depois de formada, começou a dar aulas de história e a participar do movimento sindical dos professores. Junto com Chico Mendes, em 1984, fundou a CUT (Central Única dos Trabalhadores) no Acre.

No ano passado, Marina recebeu o maior prêmio das Nações Unidas na área ambiental, o Champions of the Earth (Campeões da Terra). A ministra foi uma das sete personalidades premiadas. Além dela, a ONU premiou o ex-vice presidente dos Estados Unidos Al Gore; o príncipe Hassan Bin Talal, da Jordânia; Jacques Rogge, do Comitê Olímpico Internacional; Cherif Rahmani, da Argélia; Elisea "Bebet" Gillera Gozun, das Filipinas; e Viveka Bohn, da Suécia.

Com informações da Agência Brasil e da Folha Online
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